Na sequência de vários pedidos de esclarecimento sobre o facto de o júri do Prémio Literário do Médio Tejo ter decidido não distinguir este ano nenhuma obra na categoria de Romance, tentarei dar algumas explicações. Não o fizemos no momento do anúncio dos finalistas porque entendemos que quaisquer considerações poderiam ser injustas para os autores que se candidataram.
O regulamento prevê a não atribuição do prémio numa ou em várias categorias, de acordo com a avaliação do júri, que é soberano. Neste caso, entre os nove romances a concurso não existiu unanimidade sobre uma obra a distinguir. Não quer isto dizer que os textos não tivessem qualidade. Significa apenas que os diferentes elementos do júri encontraram fragilidades em todos os manuscritos – e sobre esse ponto houve total concordância.
Foi ainda avaliada a possibilidade de distinguir um dos três romances que chegaram à avaliação final. Mas nenhum era arrebatador e, sem margem para qualquer dúvida, merecedor de um prémio literário com os critérios de exigência que insistimos em manter.
No ano passado tivemos a grande felicidade de ter entre os concorrentes o magnífico “na massa do sangue”, de Evelina Gaspar, o que também colocou a fasquia ainda mais alta. Deveríamos condescender e premiar (e publicar) um livro mediano? Entendemos que não. E dar apenas menções honrosas? Considerámos que seria um desrespeito para os autores, revelando que nenhum seria merecedor do prémio principal. Assim, os nove concorrentes mantêm o anonimato e poderão trabalhar e melhorar os seus trabalhos, se assim o entenderem, antes de os tornarem públicos – quem sabe num outro concurso ou numa outra editora. Pela minha parte, estou disponível para apoiar e acompanhar os autores nesse processo de edição, bastando que me contactem.
Lamento os transtornos causados aos concorrentes e encorajo-os a regressar ao seu mundo de palavras, honrando o talento que claramente têm.
Patrícia Fonseca, diretora editorial da Médio Tejo Edições